sábado, 12 de dezembro de 2009

A MELHOR MANEIRA DE IR MAIS LONGE

Uma das dificuldades que encontro para bem manter minha Beringela é que não possuo uma garagem ou outro lugar coberto e seguro para guardá-la. No começo, quando morava em Campinas, até tinha esta condição, mas o trabalho ainda estava bem no início. Claro que, com todas as intervenções que tenho feito nela e considerando as várias idas e vindas relatadas neste blog, ela fatalmente tem passado mais tempo em oficinas do que na rua. E morar no Rio de Janeiro ainda me impõe outras situações peculiares sobre dois assuntos, um consequência do outro: falta de segurança de toda ordem (roubo, vandalismo, enchente, etc.) e custo altíssimo para realizar o aluguel de uma garagem. Não se encontra nada por menos de 200 reais mensais, um dinheiro que serviria para se fazer ou adquirir outras coisas mais interessantes. Basta exemplificar da seguinte maneira: quatro meses de garagem (um período nem tão extenso assim) seriam suficientes para cobrir os custos dos bancos elétricos dianteiros e das rodas diamantadas Orbital... Em um ano eu pagaria a última pintura realizada nela.
Como a grana envolvida norteia as possibilidades sobre o carro, optei por abrir mão deste "luxo" e sobreviver sem garagem mesmo. Opção perigosa, diga-se de passagem, pois, como comumente se diz, no "tempo" o carro "se acaba", e o barato pode sair caro. Sol e chuva são inimigos declarados e muito eficientes em seus intentos. Quem sofre principalmente é a pintura, que pode ficar manchada, queimada, danificada de outras formas (graças a Deus chuvas de granizo têm sido raras no Rio) e ser atacada pela sua "amada amante": a ferrugem. O verdadeiro "inferno laranja"...
Depois do sequestro da brasa, ela já foi resgatada nesta condição ruim, com parte da pintura fosca, vários pontos de ferrugem e bolhas, e amassados em outros cantos. E como estas avarias estão "democraticamente" espalhadas pela carroceria, a única solução aceitável é a reforma geral da lata. Aliás, cabe aqui uma promessa, e você será minha testemunha: será a última vez que jogarei tinta neste carro. Três tentativas são mais do que suficientes para esgotar minha paciência e os recursos financeiros "aceitáveis" para a criação do meu "bólido"...
Para mantê-la sem teto porém segura, tenho apelado (admito) para o estacionamento da empresa onde trabalho, a Michelin. E não só porque é seguro e de graça, mas também porque todos os mecânicos e auto-peças de que faço uso na reforma estão em Campo Grande, bairro do subúrbio onde fica a fábrica. E em Campo Grande, os custos são bem inferiores aos da Zona Sul do Rio, onde moro.



Claro que, como tudo que envolve esta Brasilia, situações inusitadas se criam. Em uma delas, havia uma Brasília azul marinho em uma condição bem pior do que a minha, nitidamente abandonada no estacionamento, com lama (poeira + chuva) e folhas literalmente cobrindo o carro. Em verdade, as únicas coisas que se salvavam naquele carro eram as rodas, que mesmo assim já pediam reforma. Depois de longo período de hibernação, a segurança da empresa a retirou de lá, sabe-se lá como... A alegação era de estar criando foco de dengue, na época, o assunto do momento.
Para não "sobrar" para a minha brasa, que co-habitava aquele espaço, decidi aproveitar e levá-la ao eletricista para acertar algumas coisas. E, acredite, a "ditacuja" resolveu estancar no portão de saída da Michelin... Diagnóstico? Falta de gasolina, com o ponteiro marcando mais do que a reserva. E aí a segurança "se fez": pediu meu número de registo, CPF, identidade, ramal, mostrar os documentos da brasa e tudo mais que passava na cabeça do "guardinha". Estava vendo a hora em que iam pedir o endereço da fábrica da Volks e o nome do cara que montou o pisca dianteiro esquerdo em 1978... Depois do já aguardado sermão por manter o carro por longos periodos lá parado, e sem ajuda nenhuma para empurrar a beringela para fora das suas dependências, providenciei a gasolina e fui em frente.
Depois de mais alguns meses de serviços nela, voltamos para a Michelin e seu estacionamento. Agora, com as rodas Orbital instaladas (e, por isto, menos aparência de carro abandonado), a segurança não tem incomodado. Com mais linhas de ônibus disponibilizadas pela empresa para os funcionários, estão sobrando vagas. Porém, como não podem faltar emoções, agora um dos pneus e o estepe esvaziaram... Providenciei um mini-compressor "ching ling" para resolver a situação antes que "os caras" me perturbem. De lá, provavelmente, vou levá-la para trocar seus pneus. Por pneus Michelin, claro. Afinal, como diz o slogan, usar Michelin é a melhor maneira de ir mais longe. Nem que seja para longe de seu estacionamento!...