sábado, 28 de março de 2009

TUDO COMEÇOU ASSIM

Quem me conhece sabe bem a paixão que tenho por automóveis (definitivamente, a melhor criação humana). Desde criança eu sabia os nomes e fabricantes de todos os carros que trafegavam por nossas ruas, acompanhava os novos modelos, e até criava os meus próprios à base de muito papel e lápis. Algumas destas "criações" da minha "fábrica virtual" ainda guardo com muito cuidado e carinho.
Meu pai tinha no automóvel um instrumento de trabalho. Guia de turismo e motorista executivo, transportou alguns dos mais importantes presidentes de multinacionais, cantores, artistas da dança e do teatro, e outros de igual notoriedade. Não por acaso, ele tratava com muito esmero o "ganha-pão" da família. Ele e seu fiel pequeno escudeiro... Lavávamos, políamos, consertávamos e incrementávamos os carros que acompanhariam meu pai em dias e noites de trabalho suado e muitas vezes bem arriscado para trazer o sustento da casa.
Por suas mãos passaram vários, muitos carros mesmo. De sua propriedade, foram mais de 30, desde o primeiro Ford Prefect até a saudosa Variant 1976 que ajudei a encontrar e comprar. Não foram poucos Landaus, Galaxies, Opalas, Versailles e Santanas, todos ícones de luxo e sofisticação, cada um no seu tempo.

Muitos foram os Fusquinhas também (meus pais se conheceram quando ele viajava com um vermelhinho). Até uma Kombi, uma Caravan SS e um raro Voyage 4 portas preto (segundo ele, o que mais lhe deu retorno no trabalho) fizeram parte da família e dos meus sonhos de menino.
O primeiro carro que "movimentei" sem estar "empurrando" foi um Santana 85 azul, o primeiro (e, com certeza, mais desejado) Santana que ele comprou. Nossa, como eu suava!!! Calor? Não, era nervosismo mesmo! Manobrar aquele carrão pela apertada garagem do nosso prédio era um desafio! E pensar que meu pai saía dela, de marcha-à-ré, subindo e descendo duas ladeiras, com dois dedos de cada lado, manobrando um... Landau!


Realmente o véio era fera!... E acho que ficou claro que, "sem querer querendo", acabei criando esta paixão toda por carros. O primeiro contato com carros foi através dele; a assinatura da minha revista Quatro Rodas ele bancava; ele me acompanhou no meu primeiro Salão do Automóvel (em 1990); meu primeiro carro (um Voyage 85 cinza) e também o segundo (Santana 90 branco) foi ele quem deu. Até à minha primeira corrida de kart quem levou foi ele! As histórias, os ensinamentos, as lições, quase tudo que me relacionava com carro vinha dele. Quase tudo...
No próximo post, porque foi "quase" tudo e onde a Brasília entra nesta história...
56 abraços!