terça-feira, 16 de junho de 2009

ELVIS NÃO MORREU

Realizado o sonho de adquirir o carro que você tanto procura, duas coisas normalmente acontecem: a avaliação do que você comprou e os planos para transformar seu novo carro num “superbólido”, nesta ordem.
Depois de realizado o depósito, a Brasília e seus documentos me foram entregues na Bosch, no horário do expediente. Como eu não tinha vaga na empresa, ela teria que ficar na rua mesmo. E na primeira mexida, tudo bem com o motor, que pegou logo nas primeiras tentativas (o tio da ex-proprietária era mecânico). Senti que a direção era um tanto dura, mas joguei a culpa nos pneus, mais largos do que os originais. Estacionei o carro e, na hora de fechá-lo... A porta do passageiro só trancava por dentro: na chave, nem em sonho. Notei também que o quebra-vento deste lado tinha uma “cara” estranha, meio fosco: era de acrílico, assim como o vidro do motorista, o que só detectei no final de tudo. Voltei para o trabalho com a cabeça do lado de fora da empresa.
Terminado o dia (era uma sexta-feira) parti para a aventura de levar a Brasa para casa. Como era verão, o dia não escureceu tão cedo, o que me ajudou a ficar mais tranqüilo quando notei que “minha nova filha” pensava 56 vezes antes de decidir parar, mesmo com o pé cravado no freio... A direção continuava dura, até quando em movimento, e suspensão e quebra-molas (em Campinas há vários, além de valetas também) não chegavam em um acordo: era só na base da pancada. Estacionei em casa completamente molhado de suor.
No dia seguinte, sabadão de sol, fui olhar com mais carinho para a dita cuja, dar uma lavada... Descobri que minhas caixas de ar, a esta altura, só tinham mesmo ar. A espuma dos bancos estava boa, mas a forração, nem tanto. Duas rodas bem enferrujadas e duas lâminas de pára-choque também. E nada de polainas. O painel de instrumentos (o chamado “moderno”) estava solto, pois o local de fixação dos dois parafusos estava quebrado. E o retrovisor do lado do motorista simplesmente se recusava a ficar na posição: adorava admirar o asfalto.
Tomei logo a decisão de resolver os problemas, principalmente os de segurança. Ou seja, o trajeto foi Bosch, casa, casa, oficina. Levei meu carro na Sena Auto Center, onde costuma deixar o Santana com o mecânico Elvis. Pois é, Elvis não morreu: Elvis está vivo e trabalha na Sena Auto Center. Contei tudo que havia encontrado e mais um pouco. No dia seguinte, quando voltei para pegar o orçamento, notei a alegria da proprietária Maria de Lourdes (a "Malu") em me atender. E logo entendi o porquê.
Entre os problemas, dois amortecedores e uma barra estabilizadora quebrada, um freio traseiro inoperante, discos e pastilhas gastos na frente, escapamento furado, as molas já eram, duas rodas também e, o mais importante: uma caixa de direção com a carcaça rachada. Pois é, meu caro, comprando a Brasa e levando para o Elvis, salvei cinco vidas: a minha e a dos quatro caras que andavam nela...
Mais de mil reais se foram (aproveitei e troquei o escape por um de Puma, com aquele ronco incrível), mas pelo menos estava seguro para andar. E foi aí que discordei dos meus colegas de Bosch, que disseram que eu fui o único cara de Campinas que havia comprado um carro somente com o 13º. salário... Eu não havia comprado um carro: eu havia comprado uma deliciosa dor-de-cabeça...

sábado, 13 de junho de 2009

FINALMENTE!

Eu acredito no poder da mente. Apesar de nunca ter usado isto de modo premeditado, metódico, como indicam alguns livros (como “O Segredo” e “A Lei da Atração”), eu acredito sim. E acho que encontrar a minha Brasília 4 portas foi fruto deste poder. Vamos ver se você concorda comigo.
Depois de dois encontros com este raro modelo de Brasa (um deles muito frustrante), qualquer um daria a questão como encerrada e me mandaria procurar outra coisa para fazer. Mas eu queria muito aquilo. Acho que a proximidade na tentativa com Sr. Armando fez com que a vontade aumentasse ainda mais. E aí você começa a pensar em tudo que se pode fazer, todas as possibilidades.
Era dezembro de 2003. Eu comprava jornais toda semana, ligava para os que anunciavam Brasilias e obtinha sempre a mesma resposta: “não, a minha tem duas portas”. Comércio de veículos pela internet ainda era muito insipiente, e não restavam alternativas. Até que um colega de trabalho me indicou uma rua, próxima ao supermercado Extra, onde as lojas vendiam carros com mais idade, fora do fenômeno “semi-novos”...
E lá fui eu, pós-expediente, correr as 12 lojas da bendita rua (havia deixado o Santana no estacionamento do Extra) em busca de um milagre. Claro que não me espantei com o resultado: metade dos vendedores não tinha este modelo, a outra metade nunca tinha sequer ouvido falar em Brasília 4 portas. Sem surpresas, pelo menos até a volta...
Retornando ao estacionamento, lembrei que precisava comprar um desodorante (juro, simples assim). Quando estava entrando no supermercado, encontrei com um colega de Bosch que aguardava numa fila com seu filho para entrar em um brinquedo tipo pula-pula. Detalhe: não era comum este tipo de brinquedo no Extra: tratava-se de um evento especial. E começamos a conversar.
Falávamos justamente da minha "epopéia" em busca da Brasília quando, no final do estacionamento, avistei uma bege e (melhor ainda) vi dois brilhos na lateral. Pensei: caramba, as maçanetas! Interrompi o papo, corri até lá e... era ela: uma Brasília 4 portas! Quase não acreditei! Dei uma olhada rápida, e o carro me pareceu bom. Corri para o outro lado do estacionamento e trouxe o Santana para perto dela. Isto era por volta das 18 hs.
Resolvi “bater plantão” até a chegada do dono. Dei mais uma analisada e, apesar de algumas coisas para fazer, me pareceu um carro interessante. Ainda conversei com mais um cara que passava e me viu “urubuservando” a Brasa. 18:30, 19:00, 19:30 hs, e nada! E o tempo fechando! Nuvens e mais nuvens! Minha preocupação não era a chuva em si, mas a possibilidade do dono entrar no carro e sair correndo sem nem olhar para trás. Ficava pensando em como seria seu dono e o que diria para ele. De repente, um outro senhor, quem sabe...
Foi quando se aboletaram em torno da Brasília quatro rapazes. “Boa tarde! Quem é o dono da Brasília?” – perguntei. O motorista disse que era ele. “Quer vender?” (assim mesmo, na “cara-dura”!). Foi quando ele informou que, na verdade o carro era da irmã dele, mas que acreditava que ela queria vender. Trocamos telefones e, para encurtar a história, uma semana depois eu era proprietário de uma Brasília bege 4 portas 78 à gasolina, com dupla carburação, pelo valor de dois mil reais. Obviamente me senti realizado! E sem saber quanta história ainda estava por vir...