segunda-feira, 20 de abril de 2009

PORQUE UMA BRASILIA 4 PORTAS?

Acredito que o passo primordial para se tornar um antigomobilista é escolher que marca, modelo, época ou tema vai nortear a sua coleção. E o leque de opções é grande: veículos do pós-guerra, décadas de 50 e 60, americanos ou europeus, veículos do começo do século passado, "muscle cars" da década de 70, "minis" (Isetta, Fiat Topolino, Mini Morris, etc.), caminhões antigos, picapes... Apontar uma escolha neste universo extenso muitas vezes não é tarefa fácil. E não é raro uma experiência do passado se transformar em paixão: o carro da minha infância, o primeiro que dirigi, aquele que o vizinho tinha e não vendia de jeito nenhum, e por aí vai.
Comigo a coisa aconteceu de modo mais racional, sem deixar de ser quase por acaso. Todos os dias eu percorria um mesmo caminho para chegar ao trabalho. E no meu trajeto matinal vinha pensando que carro seria o escolhido para começar a "brincadeira". Queria que fosse algum de mecânica descomplicada, sem dificuldade de se encontrar peças e que não apresentasse muitos defeitos. Afinal, era o começo e este deveria ter uma certa facilidade, para "pegar o jeito da coisa". Qualquer um com um mínimo de conhecimento sobre carros nas nossas terras tupiniquins apontaria tranquilamente a mesma família: Volkswagens de motorização "a ar" (Fusca, Kombi, Variant, Karmann-Ghia e seus derivados). Como dizia meu pai, acham-se peças de Fusca até no botequim da esquina... Para ficar perfeito, só se fosse relativamente confortável e levemente raro. Afinal, uma raridade é o que todo colecionador quer.
Por acaso, neste mesmo trajeto para o trabalho havia uma auto-elétrica. E um belo dia surgiu um carro "diferente" por lá. Comecei a notar que este "diferente" passou a ser "permanente" na frente da oficina. E todo dia nós nos encontrávamos. O "diferente" era uma Brasília 4 portas, cor branco gelo, já equipada com as rodas do modelo conhecido como "tijolinho". Realmente a coincidência me chamou atenção. Afinal, era um carro de mecânica simples, com os atributos que estava buscando: confortável como um Fusca jamais poderia ser (espaço + 4 portas = conforto), fácil de achar peças e um pouco raro, visto que poucas foram produzidas, sendo a maioria exportada ou vendidas a taxistas.
Estava decidido: seria uma VW Brasilia 4 portas! Não demorou para eu conhecer o dono daquela Brasilia branca e descobrir se ele (se não me engano, seu nome era Miguel) estaria disposto a vendê-la. Acabei descobrindo que ele havia acabado de comprar aquela, depois de uma certa "caçada" nas cidades vizinhas de Campinas. Acabamos trocando algumas informações sobre aquele modelo, sobre sua reforma e o estilo das linhas (para nós, muito mais equilibradas que a Brasilia de 2 portas). Ficou a promessa, por este meu mais novo amigo, de um contato, caso uma outra 4 portas fosse encontrada por ele, o que de fato acabou não acontecendo.
Admito que saí meio desolado daquele encontro... Afinal, se já era difícil encontrar uma Brasilia de 4 portas em Campinas, que dirá outra? Mal sabia eu que logo toparia não com uma, mas com outras DUAS destas. Mas isto é história para um outro (próximo) post...
56 abraços!