segunda-feira, 13 de abril de 2009

CAMPINAS E O ANTIGOMOBILISMO

Com certeza um dos passos mais importantes da minha vida foi a mudança para Campinas. Na época, eu trabalhava em um micro-escritório-apartamento-bagunçado em Botafogo, cujo dono-chefe fazia serviços de análise de tensões em tubulações para a Petrobras. O assunto era chato, muito chato mesmo, mas mais ainda era meu chefe, sem sombra de dúvidas o pior que tive até hoje... Sem futuro ou prazer, somente a grana razoável que entrava era o que me mantinha lá. Mesmo assim, buscava outros desafios e mandava meu currículo para algumas empresas, principalmente no ramo automobilístico e de auto-peças, meu foco e minha paixão. Foi quando surgiu um processo de seleção para a Bosch, em Campinas. Passei pelas várias etapas e acabei contratado em 2002, para a fábrica de Freios.
Com quase 26 anos, já era hora mesmo de sair debaixo da saia da mamãe... E foram dois anos e meio muito bons, de novas experiências e muito aprendizado. Uma real mudança de vida. Campinas é uma boa cidade, com boa infraestrutura e sem a bagunça (leia-se sujeira, falta de educação e violência) do Rio de Janeiro. E, para minha sorte, também é uma cidade de tradição maior quando o assunto é automóvel antigo. Os constantes encontros de antigomobilistas no Shopping Galeria, que acontecem até hoje, não me deixam mentir.
Ganhando bem, morando sozinho, buscando novos rumos e com esta aura antigomobilista campineira, foi de certo modo natural que eu decidisse por começar a minha própria coleção de antigos. Afinal de contas, não é somente a beleza destes carros que me chama a atenção. O empenho de seus proprietários em manter as condições originais, os detalhes minuciosos, os cuidados especiais, realmente me toma de grande admiração. Gosto de pessoas que lutam com real afinco por um objetivo.
E mais um ponto importante veio ao meu encontro: a possibilidade de personalização. Não ser apenas mais um na multidão (ou, neste caso, no trânsito). Original ou modificado, um veículo antigo tem sempre a cara do seu dono e o diferencia de tudo que normalmente encontramos por aí. Não há quem não note e não abra um sorriso ao ver um "antiguinho" passeando na rua. Gosto dos novos carros, da velocidade, da tecnologia que eles carregam, mas é fato que a mesmice comercial tomou conta do mercado através dos modelos atuais. É até bem fácil confundir um Fiesta com um Corsa ou Celta, mas até uma criança sabe quando na sua frente está um Fusquinha.
E foi a partir daí que comecei a crescer no tema, a buscar informações, a assinar minhas Classic Show, Fusca & Cia., Antigos de Garagem, etc. Descobri que até entre os colecionadores existem diferentes perfis, décadas e modelos preferidos, clubes de todas as marcas, encontros, venda de peças e até competições. E que a possibilidade de escolha é quase infinita. E conforme você vai conhecendo, mais vai se encantando e querendo fazer parte deste "desfile sobre rodas". Como dizem os apaixonados, vai circulando ferrugem nas veias...
No próximo post, como entrei na prática para o rol dos proprietários de veículos antigos.
56 abraços!