quarta-feira, 12 de outubro de 2011

26 DE ABRIL DE 2011

Muitas pessoas dizem que morrer é nascer de novo. E desde o dia 26 de Abril de 2011, eu torço para que isto seja realmente verdade. Não, nenhuma pessoa morreu, ninguém do meu convívio perdeu a vida, mas podemos dizer que um pedaço de vida, ou a energia demandada durante um bom tempo de vida se foi.
Tom Jobim cantava as "Águas de Março" há algumas décadas atrás, mas no Rio de Janeiro, há dois anos pelo menos, temos as "águas de Abril". Não vou entrar aqui no mérito dos motivos que levam as enchentes a acontecer, nem seus responsáveis, pois, no íntimo, todos nós sabemos. Mas, até esta fatídica citada data, eu não tinha a dimensão exata do que uma enchente pode causar.
Eu trabalho no bairro de São Cristóvão, no Rio, não tenho garagem para meus carros e não me sinto seguro de deixá-los nas ruas do meu bairro (a mundialmente famosa "princesinha do mar" Copacabana). Ficamos à mercê da extorsão dos "vagas-certas" e "flanelinhas", dos ladrões de CD Players, dos vândalos e até dos que pensam que seu carro é mesa de bar. Já contabilizei três arrombamentos, onde até carrinho de bebê do meu porta-malas já levaram, fora os dois aparelhos de som, os vidros quebrados e uma porta arregaçada. Some-se a esta lista um "belo arranhão" no capô e vejo que tenho mesmo o que temer. Por conta disso, optei por deixar meus carros estacionados em frente a empresa que trabalho, algo notadamente mais seguro e econômico.
Infelizmente, na madrugada do dia 25 para 26 de Abril, choveu "mais do que deveria" no Rio, exatamente da mesma maneira que ocorrera um ano antes. E a água chegou até um nível acima do insuportável. Minha empresa ficou alagada, e claro que tudo que estava na frente dela e num nível mais baixo, também... Quando cheguei para trabalhar e encontrei aquele caos todo, juro, deu vontade de chorar... Foi um misto amargo de raiva, tristeza e impotência difícil de descrever na hora e mesmo agora. Mas, como responsável pela manutenção da fábrica e ainda desnorteado, tive que deixar tudo na rua e trabalhar na recuperação da empresa, que tinha que voltar a produzir (era o início de uma terça-feira, afinal). Os vizinhos relataram que era apenas a segunda vez que isto acontecia nos últimos vinte anos! Uma oficina teve 30 mil de prejuízo com 3 módulos de um Mini Cooper, os restaurantes da região passaram uma semana fechados por falta de água potável, dentre outras tristezas do gênero.
Encurtando a história, a conta para recuperar o meu carro "sério" (um modelo 2000/2001) eu parei de somar quando chegou a 5 mil... e ainda não ficou 100%. E a Brasília, a minha "filhinha", minha Beringela de tantas histórias e tanta dedicação, eu levei três meses para ter coragem de mexer. Da série de peças e acessórios que mantinha no porta-malas, muita coisa foi direto para o lixo. A gasolina e o óleo estão da cor de Toddynho, e já encontrei de tudo preso embaixo dela, de porta de armário a camisinha...
Na esperança de que 2012 seja melhor que o 2011 que acabou em Abril, há alguns dias atrás coloquei a brasa na mesma oficina que recuperou o outro, para vermos que caminho percorrer e, quem sabe, fazê-la renascer...

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